enquanto
harpias bebem
cauim
& deleitam-se
nos octaedros do sonho
as plantas celebram
a diversidade
das espécies
a flora sagrada ressuscita
o vento
mônada do Verbo
crisálida
(filha
transfigurada
de
um
Deus
andrógino)
engendra
de
dentro
para
fora
o
hieróglifo
da
múmia
mortuária
roupa
que
se
usa
do
avesso
borboletra
orbe
infernal
prenúncio da rosa-turquesa
a lua pousa nas águas
palustres da
magia
negra
centauros defloram estrelas
choque de
kundalini
manuscritos forjados a ferro
& fogo
o êxtase
sabotador das máquinas
de guerra
o amor ultrapassa
suas
próprias
fronteiras
nicho da paixão
o Cosmos brinca
no quintal do
Caos
caçadoras
de cometas semeando
heresias
sabotagem que profana a carne
simbólica
em busca
da própria transcendência
os demônios
cultivam
a náusea
no epicentro
da convulsão dionisíaca
o radar flagra a lua
com a maré
robusta
os girassóis florescem
no santuário
das
baleias
onde
a luz se dissipa
no intervalo de cada
respiração
quem fala no poema é o mito
o talismã nomeia o fogo
& seus dialetos
a turmalina tritura
os coriscos
negros
fulminando o meu cérebro
o circo repleto
de louca sabedoria
restauram
o antigo
sonho cabalista
cachos de fogo
da árvore
da vida
imergem
no oceano burlesco
há flores infernais
no corpo selvagem
da menina
ela traz consigo
a joia da noite
que transfigura
os olhos da libélula
prepara o chá
com o orvalho
da lua cheia
um buquê de bodisatvas
esgueirando-se nessa
manhã estrepitosa
onde manchas solares
deixam rastros
de amor bandido
a geometria sagrada
sob a tua pele
dentro
da cova
da serpente
a pirataria
no coração do eclipse
meu sangue
percorre
sorrateiramente
os vasos
comunicantes
do amor & da morte
sonho deletério
& música
barroca
ampliam a minha força
& o perigo
originariamente
rico & selvagem da terra
seu corpo
ó manequim transcendental
provém da
soma de
todos os sentidos
devassando meus
cinco
sentidos
abrindo com a
chave da alegoria
as portas da percepção
seus
lábios
contém o fruto
do verbo que me traduz &
significa