a navalha cinde a esfera do tempo
provocando a revoada
dos anjos caídos
as estrelas atingem o cume
do desejo ardente
lampejando como um coração sublime
cães selvagens rosnam para
o vórtice da vertigem
sigo o rumo incerto do furacão
sinais de mudança nas novas águas
o nenúfar chupa os ossos das palavras
o vulcão ordenha a estrela cadente
o amor aduba a carne
e reside no núcleo da Terra
quem fala no poema é o mito
o talismã que nomeia o fogo
em diversos dialetos
a turmalina tritura os relâmpagos
e os coriscos negros florescem
no córtex cerebral
o útero da lâmpada
engendra as trevas
Krishna germina
no jardim do Éden
a ioga tântrica excita
o anjo suicida
o fruto afrodisíaco incorpora
o deboche hermafrodita
tatuagem no pênis
de Zaratustra
a matilha pornográfica
nocauteia o Absoluto
banido do purgatório o demônio
esculpe uma mulher de sal
é obra da subversão
compilar os aforismos mais sangrentos
os anjos polinizadores coletam
os eflúvios solares
que conduzem ao nosso aniquilamento
a existência exuberante guincha
como engrenagens maniqueístas
a desordem prevalece no Jardim da Babilônia
a gangue de acrobatas rouba
o fogo obsceno do teatro do absurdo
anéis de fogo surgem
na manhã carnívora
primeira dentição do sol
o dragão caga no deserto negro
seus mamilos apontam
para o zênite
o equinócio da paixão mantém
o metabolismo do céu inconstante
a harpia aterrissa
no ombro da peste
embriagando-se
com o cheiro de carniça
sou instruído
na arte da magia
pelos anjos tatuados
que esquartejaram
o escorpião onírico
a libertinagem é
a origem de toda vidência
o dragão cospe o fogo
mitológico enfeitiçando
o diamante bruto
o silêncio soando de dentro
das vísceras do Universo
os fantasmas contemplam
o eclipse branco
depois de hibernarem nos favos de mel
os demônios acompanham
o circo pagão
repleto de louca sabedoria
o grito naufraga
no oceano burlesco
minha alma restaura
o antigo sonho cabalista
cachos de fogo na árvore da vida
os monges mendicantes tiram
a sorte na roleta russa
a lua perfura o crânio
dos anjos lactescentes
a baleia jubarte chega às crateras lunares
onde o Absoluto transfigura
as potências tirânicas
a paixão autóctone brota de dentro
da noite branca
os fantasmas notívagos tocam
cítaras sob a regência
do pensamento analógico
as manchas solares
são fósseis do universo
que chancelam os pergaminhos gnósticos
anjos negros executam
os fraseados bebop
o silêncio é uma constelação de blue note
círculo da colheita
as mercenárias despem a aurora boreal
há beleza convulsiva na melancolia
caixa de pétalas incendiárias
cancro de iluminuras
você alimenta a planície de girassóis
o Candomblé
rega a colmeia de papoulas
o vórtice do abismo lambe o cu
do anjo lisérgico
que ampliará a minha consciência
com pecados subliminares
sua florescência
é arcaica
pétalas de papoula
orbitam em torno da estrela negra
respiro o perfume
da noite iniciática entre as suas pernas
as bacantes
participam do banquete do abismo
seus elementos
percutidos instalam-se num mundo
precursor e clandestino
caçadores caçam cometas
semeadores de heresias
a matilha uiva para a lua nostálgica
a aurora negra
consome a mescalina do Zodíaco
a sabotagem que profana
o simbolismo
da carne busca a própria transcendência
jogo que fomenta
a náusea existencialista
os demônios cultivam fósseis
no epicentro
da convulsão dionisíaca
Eros fascina as raízes
vulcânicas com a série
de harmonia
plenilúnio da premonição
a esfera violeta reveste
o verbo com deliciosos equívocos
a medula óssea
alimenta o cogumelo negro
o vício é concebido no ninho
do humor negro
música no covil das frutas
os fantasmas imanentes
enlouqueceram a matéria
Eros fascina as raízes
vulcânicas com a série
de harmonia
plenilúnio da premonição
a esfera violeta reveste
o verbo com deliciosos equívocos
a medula óssea
alimenta o cogumelo negro
o vício é concebido no ninho
do humor negro
música no covil das frutas
os fantasmas imanentes
enlouqueceram a matéria
as plumas adornam os astros da aurora
o tesão é um jardim de ecos
fonte de satisfação dos desejos
mutantes
raio que atravessa o corpo do ciclone
o diamante líquido traz consigo
o élan vital
a imagem emancipada do espelho
o nenúfar deflora o Virgem Negra
a escrita automática
reverbera no pavilhão da alma
o erotismo sagrado boia
nas águas do incesto
ossos divinatórios enfeitiçam a noite
percorrendo as veias do ciclone
minha caixa craniana
é um refúgio visionário
onde ovos luminosos
são chocados pelo crepúsculo
você canibaliza a pilhagem neste
sítio arqueológico onde reina a trapaça
na garganta do inferno
os esquimós pescaram o peixe imaginário
o criador do mundo
o mais belo de sua espécime
sua carne saborosa permitia-lhes
as mais belas visões de aurora boreal
o oráculo está incrustado
na carapaça da tartaruga
Buda provoca a tempestade
do pólen branco
na mansão do Caos
os esquimós viajam nos pulmões
da eternidade
bebi o absinto do sol poente
Eros desprovido de órgãos internos
desfruta a prosódia do poema
[para Plínio Marcos]
Baco celebra
o nascimento da tragédia
alma ancestral
que viveu o espírito mambembe
procurando à deriva
a voz inspiradora da Musa
vodu saltimbanco
que alucinou a boca do lixo
com sua visão de artista infame
a blasfêmia prende-lhe
ao gulag da estrela negra
onde cintila a Fênix
curandeira da terra
uma vida consagrada
à magia do Teatro
sombra pagã que ainda circula
pelas coxias da marginalidade
a chuva distribui visões subterrâneas
a corça salta
o arco-íris e o espelho gnóstico
convulsão de fogos de artifício
ó tulipas cro-magnon
suas pétalas de ônix hibernam
no alvéolo da noite
clímax do sol
perplexo
oráculo evanescente
o amor proibido ultrapassa
as fronteiras
do mal
nicho do amor
o Cosmos nasceu
da costela do Caos