ausculto o pulsar do Universo com o aparelho inequívoco o gênio solar realiza meus desejos soteriológicos o fogo sumério sorri quando me embebedo com o vinho do dilúvio o Demiurgo desvairado aguarda a maturação do molibdênio enterrado no antro da terra isso permite que minhas visões pneumáticas movam a turbina de sortilégios
o vapor de chumbo proclama a obsolescência da vida ao mutilar o sexo do crepúsculo eis os ciclones de Júpiter & seu estopim nupcial a obsessão compulsiva do sol & da lua lustra o espelho negro beijo o abscesso do amor prestes a supurar nessa massa pustulenta
o fogo índigo exsuda a baba
que banha a serpente emplumada
a fênix senta no ninho
da dissociação psíquica
o cavalo mecânico dá coices
em minha alma de olíbano
consubstancio-me no corpo da exasperação
dançando o Butô no lado escuro da lua
embrião da anarquia
hélice do desatino
a morte em latência se multiplicará
sob o fascínio das pétalas
meu sangue circula nos tubos dúcteis
da biblioteca clandestina
espécies incendiárias geneticamente
suprimidas pelo seu fulgor intolerável
meu desejo sibilino enrodilha-se
na respiração célere dos meteoros
retiro o mel feérico
das colmeias do Darma
robôs seráficos praticam a ioga ciberpunk
as piranhas comem o cerne das nuvens arborícolas o verbo em carne viva distribui o dom da combustão o amor & o ódio criaram o falo & a vulva da pedra simultaneamente a boca da noite chupa o fogo rígido a felação é o arremedo do ouroboros a transmutação do amor o óvulo fecundado pela quintessência acomodado no vaso de tulipas ardentes
o sol em riste dissemina seus flocos de luz sobre a terra as pombas cagam nos tiranos de pedra-sabão paiol de armas curandeiras o planeta respira o acaso além do cérebro os seixos sazonais amadurecem na galhada do vento o Cupido transfere os embriões do amor para o aquário amniótico
o sonho transforma as violetas
de outono em fagulhas apolíneas
o satori tonifica os músculos do samsara
a chuva de ossos esparge
sobre a terra pútrida
que se agrega ao tronco de mulungu
a nudez jocosa veste a roupa da nigredo
cus-de-lume iluminam
a mina de diamante azul
hormônios atmosféricos regulam
as quatro estações
a lua instiga o clã das águas
& seu cheiro branco
desperta minhas reminiscências
a Caipora engole os arbustos incandescentes proibindo-os de proferirem a palavra secreta o vapor prolixo lança-se no sumidouro das pedras o sal satírico salga a terra & atira suas raízes para as nuvens conspícuas
o Caos é uma espiral budista onde atracam navios fantasmas atrelados com cordões umbilicais o escaravelho mimetiza-se as gárgulas suscitam o amor-obsidiana a caveira inicia a homeostase da lua vermelha o canário trina desterrando a gangue noturna as feiticeiras leem o grimório sanguinário o corvo despeja o sol sobre as negras plumas da Eternidade Hórus avista o Saci Pererê incubado no tronco anacoreta nossos ancestrais abrolharam durante a diáspora das estrelas
as mariposas exumam os relâmpagos de jade um pomar de peixes voadores mordiscam os submarinos o radar no cio flagra a lua fornicando com a maré robusta girassóis do mar florescem com a chegada das baleias ao santuário de Abrolhos o elixir da dilapidação dissipa a luz nos intervalos de cada respiração
anjos da tribo respiram a luz do crepúsculo harpias bebem o cauim e deleitam-se nos octógonos do sonho as plantas alucinógenas celebram a diversidade das espécies a flora sagrada ressuscita o vento a mônada do alfabeto
a estrela da manhã rouba os frutos do purgatório há uma falange de vagalumes invadindo o ninho das estrelas o sol visceral é o criador dos ídolos aborígenes que assaltam o sonho das raças consumidoras de ayahuasca as xilogravuras de cordel ilustram a epopeia do fracasso
a escritura arcaica acaricia o objeto fetichista que nasce da linguagem bruta os unicórnios relincham nas pradarias da Utopia clarividência plurívoca a pedra jugular gera o sonho que amadurece entre as folhas rubras de sua vulva macia
o conhecimento primitivo renasce à meia-noite pajés arruaceiros invadem a Praça Vermelha o teatro me ensina a cor dos presságios e o império da orgia o unicórnio é o rei do deboche Devas bebem uma cerveja no inferno
o tubarão palmilha a Serra Leoa a lubricidade desfolha o silêncio a palavra lateja a céu-aberto profetizando a mandala anímica o erotismo sagrado ensina-nos o perigo da renúncia manhã crocitando à flor da pele o seu duplo deslumbra a anã-branca