segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

A camomila depois de conduzi-la ao santuário


mudo 
para o mundo 
delirante onde Ganesha 

prepara o chá 


com o orvalho 

da lua cheia


um buquê de bodisatvas 

esgueirando-se nessa 


manhã estrepitosa 


onde manchas solares 

deixam rastros 


de amor bandido

domingo, 9 de dezembro de 2018

A mordida emergente da realidade


a Lua 
esboça 
o contorno 
de um círculo 

a geometria sagrada 


sob a tua pele 

dentro 

da cova 

da serpente 


a pirataria 

no coração do eclipse

sábado, 8 de dezembro de 2018

Apenas no âmbito da seiva


meu sangue 

percorre 

sorrateiramente 

os vasos 

comunicantes 


do amor & da morte

sonho deletério 

& música 

barroca 


ampliam a minha força 

& o perigo 

originariamente 

rico & selvagem da terra

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

O perfume depois da morte


seu corpo 

ó manequim transcendental 

provém da 

soma de 

todos os sentidos 


devassando meus 

cinco 

sentidos 

abrindo com a 

chave da alegoria 


as portas da percepção 


seus 

lábios 

contém o fruto 

do verbo que me traduz &

significa

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Amarrada com uma corda de um esplendor faiscante



a serpente 

solúvel 

é fonte 

de sabedoria 

arcaica 


a transmutação 

da matéria 

sonhadora 


as bacantes 

coletam 

o mel 

nos alvéolos 

dos cometas 


o encontro 

fortuito 

entre 

duas 

estrelas

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

As normas instituídas pelo dilúvio


os anacoretas brincam 
de roleta russa
a lua perfura 
o crânio 
dos astronautas 
a baleia jubarte 
chega às crateras lunares 
onde 
transfiguram 
as potências 
tirânicas do Absoluto
a paixão autóctone 
toca cítara 
sob a regência 
do pensamento analógico

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Uma outra versão de si mesmo


o desejo 
grudado ao mercúrio vermelho 
embevece 
               as gárgulas abstratas 
a cigana cavalga 
o Pégaso 
e extrai o pigmento das glândulas 
               solares
a coreografia da onça-pintada

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

A alegria celebrada no solstício de verão


línguas 
de fogo lambem 
          o sol 
& celebram 
o triunfo da revolta 
          metafísica 
caixas oníricas 
          acumulam tesão 
suficiente 
para engendrar 
          as joias esotéricas

terça-feira, 2 de outubro de 2018

O amor abandona deliberadamente o encanto do despotismo


as fadas de rapina 
               lançam 
as labaredas dialéticas 
               sobre os nenúfares 
                              impressionistas
sua seiva propicia 
               a procriação 
               de armas mágicas 
               isso é o esplendor 
                              selvagem 
               das estrelas 
em defesa da aurora 
                              insurgente
bem 
além da esfera do demiurgo 
               & seus vícios

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

O hieróglifo deflagra o gozo


a Via-Láctea 
apresenta 
a mais ampla superficialidade
somente 
o tamanduá azul 
          compreende 
          o código secreto 
          das aves 
          & o sentido latente 
          do amor

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Você tilinta os sinos do tornozelo


bonecas 
              canibais 
de seios intumescidos 
              praticam 
     a ioga 
nas cercanias do paraíso 
         a paixão 
à queima-roupa
              é o paradoxo do amor
                            a árvore 
                   da volúpia 
que crava 
              suas raízes no infinito
                            até o paroxismo 
                   do fogo 
                            cínico  

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Aberrações que exaltam a fenda


a Orgia fecunda 
        o Jardim das Delícias 
                com 
                a veemência de um ciclone 
                libertino 
burburinho 
        na floresta 
                uma 
                gota de estrela 
chega para instaurar 
                a selvagem 
        fragrância 
        dessa flor hirsuta

domingo, 23 de setembro de 2018

O frenesi cabalístico de Lilith


fetiche do amor 
iminente: meu coração 
ronrona 
na gaiola das vértebras

feitiço da Primavera: 
a Lua Negra
é tecida pela constelação 
carnívora

sábado, 22 de setembro de 2018

Das nádegas & orifícios


o ânus solar 
será o Único capaz de fundir 
o fogo feérico 
bem ali onde Eros habita 
& a beatitude 
ao alcance 
de suas qualidades demoníacas 
dilapida o segredo antípoda

terça-feira, 18 de setembro de 2018

O circo retorna à sua forma original


o vento 
         eriça 
         um novo 
aroma
         o Sol samba 
         nas 
         coxas 
         do crepúsculo 
         & 
         explora 
                 os prazeres 
                 do amor sublime
a Lua Nova 
invade 
         as praias 
                 desertas 
             onde 
       a Beleza 
joga truco 
               com 
               as irmãs siamesas