quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

A Cafetina de Shangri-La


embrião da anarquia hélice do desatino a morte em latência se multiplicará sob o fascínio das pétalas meu sangue circula nos tubos dúcteis da biblioteca clandestina espécies incendiárias geneticamente suprimidas pelo seu fulgor intolerável meu desejo sibilino enrodilha-se na respiração célere dos meteoros retiro o mel feérico das colmeias do Darma robôs seráficos praticam a ioga ciberpunk

A Metafísica Fúcsia


as piranhas comem
             o cerne das nuvens arborícolas 
o verbo em carne viva 
             distribui o dom da combustão 
o amor & o ódio criaram o falo 
             & a vulva da pedra simultaneamente
a boca da noite chupa o fogo rígido
             a felação é o arremedo do ouroboros 
a transmutação do amor
             o óvulo fecundado pela quintessência 
acomodado no vaso de tulipas ardentes

O Batismo de Fogo da Fênix


o sol em riste dissemina 
             seus flocos de luz sobre a terra
as pombas cagam 
             nos tiranos de pedra-sabão
paiol de armas curandeiras
             o planeta respira o acaso 
além do cérebro 
             os seixos sazonais amadurecem 
na galhada do vento
             o Cupido transfere os embriões 
do amor para o aquário amniótico

domingo, 3 de fevereiro de 2019

A Zarabatana Suburbana


o sonho transforma as violetas de outono em fagulhas apolíneas o satori tonifica os músculos do samsara a chuva de ossos esparge sobre a terra pútrida que se agrega ao tronco de mulungu a nudez jocosa veste a roupa da nigredo cus-de-lume iluminam a mina de diamante azul hormônios atmosféricos regulam as quatro estações a lua instiga o clã das águas & seu cheiro branco desperta minhas reminiscências

O Origami de Abraxas


a Caipora engole os arbustos incandescentes 
             proibindo-os de proferirem 
a palavra secreta
             o vapor prolixo lança-se 
no sumidouro das pedras 
             o sal satírico salga a terra & atira
suas raízes para as nuvens conspícuas

Os Meteoritos Marajoaras


o Caos é uma espiral budista 
             onde atracam navios fantasmas 
atrelados com cordões umbilicais
             o escaravelho mimetiza-se
as gárgulas suscitam o amor-obsidiana
             a caveira inicia a homeostase 
da lua vermelha
             o canário trina desterrando 
a gangue noturna 
             as feiticeiras leem 
o grimório sanguinário
             o corvo despeja o sol 
sobre as negras plumas da Eternidade
             Hórus avista o Saci Pererê 
incubado no tronco anacoreta
             nossos ancestrais abrolharam
durante a diáspora das estrelas

Amor Fora-da-Lei


as mariposas exumam 
os relâmpagos de jade
um pomar de peixes voadores
mordiscam os submarinos 
o radar no cio flagra a lua 
fornicando com a maré robusta
girassóis do mar florescem 
com a chegada das baleias 
ao santuário de Abrolhos
o elixir da dilapidação
dissipa a luz nos intervalos 
de cada respiração

Ronronar de Jaspe


anjos da tribo respiram a luz
do crepúsculo
harpias bebem o cauim e deleitam-se
nos octógonos do sonho
as plantas alucinógenas 
celebram a diversidade das espécies
a flora sagrada ressuscita o vento
a mônada do alfabeto

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Isca de Cometa


a estrela da manhã rouba os frutos 
do purgatório 
há uma falange de vagalumes 
invadindo o ninho das estrelas
o sol visceral é o criador 
dos ídolos aborígenes 
que assaltam o sonho das raças 
consumidoras de ayahuasca
as xilogravuras de cordel
ilustram a epopeia do fracasso

Supremacia do Azul


a escritura arcaica acaricia 
o objeto fetichista 
que nasce da linguagem bruta
os unicórnios 
relincham nas pradarias da Utopia
clarividência plurívoca
a pedra jugular gera o sonho 
que amadurece entre as folhas 
rubras de sua vulva macia

Amor Neandertal


o conhecimento primitivo renasce 
à meia-noite
pajés arruaceiros invadem a Praça Vermelha
o teatro me ensina 
a cor dos presságios e o império da orgia
o unicórnio é o rei do deboche
Devas bebem uma cerveja no inferno

Labareda Tricéfala


o tubarão palmilha a Serra Leoa
a lubricidade 
desfolha o silêncio
a palavra lateja a céu-aberto 
profetizando 
a mandala anímica
o erotismo sagrado 
ensina-nos o perigo da renúncia
manhã crocitando à flor da pele
o seu duplo 
deslumbra a anã-branca

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Degradação da Cura


a navalha cinde a esfera do tempo
provocando a revoada 
dos anjos caídos 
as estrelas atingem o cume 
do desejo ardente
lampejando como um coração sublime
cães selvagens rosnam para 
o vórtice da vertigem
sigo o rumo incerto do furacão
sinais de mudança nas novas águas

Pã Vive!


o nenúfar chupa os ossos das palavras
o vulcão ordenha a estrela cadente
o amor aduba a carne 
e reside no núcleo da Terra
quem fala no poema é o mito
o talismã que nomeia o fogo
em diversos dialetos
a turmalina tritura os relâmpagos 
e os coriscos negros florescem 
no córtex cerebral

A Grande Obra


o útero da lâmpada 
engendra as trevas
Krishna germina 
no jardim do Éden
a ioga tântrica excita 
o anjo suicida
o fruto afrodisíaco incorpora 
o deboche hermafrodita
tatuagem no pênis 
de Zaratustra
a matilha pornográfica 
nocauteia o Absoluto