quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A Genealogia da Morte


o eterno feminino rasga o ventre perpetuando o espasmo das estrelas o mínimo inominável, o Nada, sobrepuja o axioma da força, segundo Lao Tsé meu instinto apolíneo instiga o pensamento indomável que levanta as barricadas do desejo enquanto os suicidas outrora desabrochavam como lírios

revolucionários sonho com a criança lobisomem que morde as nádegas do arco-íris pois a vida é um stand-up de humor negro

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

O Miasma da Pele


demônios ubíquos alcaguetam a impostura das religiões fecais destarte a benzedeira recomenda a ablução do ovo mergulhando-o no sangue do pau-brasil o bode hermafrodita renasce no domicílio da Via-Láctea seu coração cálido reverbera no atol das esferas onde se ordenha o leite psicopompo do xadrez de estrelas

O Relicário das Petúnias


ausculto o pulsar do Universo 
             com o aparelho inequívoco
o gênio solar realiza 
             meus desejos soteriológicos 
o fogo sumério sorri quando me embebedo 
             com o vinho do dilúvio 
o Demiurgo desvairado 
             aguarda a maturação do molibdênio 
enterrado no antro da terra 
             isso permite que minhas 
visões pneumáticas movam a turbina 
             de sortilégios

O Carnaval Edipiniano


o vapor de chumbo proclama 
             a obsolescência da vida 
ao mutilar o sexo do crepúsculo
             eis os ciclones de Júpiter 
& seu estopim nupcial
             a obsessão compulsiva do sol 
& da lua lustra o espelho negro
             beijo o abscesso do amor prestes 
a supurar nessa massa pustulenta

A Cocção dos Metais Amorosos


o fogo índigo exsuda a baba que banha a serpente emplumada a fênix senta no ninho da dissociação psíquica o cavalo mecânico dá coices em minha alma de olíbano consubstancio-me no corpo da exasperação dançando o Butô no lado escuro da lua

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

A Cafetina de Shangri-La


embrião da anarquia hélice do desatino a morte em latência se multiplicará sob o fascínio das pétalas meu sangue circula nos tubos dúcteis da biblioteca clandestina espécies incendiárias geneticamente suprimidas pelo seu fulgor intolerável meu desejo sibilino enrodilha-se na respiração célere dos meteoros retiro o mel feérico das colmeias do Darma robôs seráficos praticam a ioga ciberpunk

A Metafísica Fúcsia


as piranhas comem
             o cerne das nuvens arborícolas 
o verbo em carne viva 
             distribui o dom da combustão 
o amor & o ódio criaram o falo 
             & a vulva da pedra simultaneamente
a boca da noite chupa o fogo rígido
             a felação é o arremedo do ouroboros 
a transmutação do amor
             o óvulo fecundado pela quintessência 
acomodado no vaso de tulipas ardentes

O Batismo de Fogo da Fênix


o sol em riste dissemina 
             seus flocos de luz sobre a terra
as pombas cagam 
             nos tiranos de pedra-sabão
paiol de armas curandeiras
             o planeta respira o acaso 
além do cérebro 
             os seixos sazonais amadurecem 
na galhada do vento
             o Cupido transfere os embriões 
do amor para o aquário amniótico

domingo, 3 de fevereiro de 2019

A Zarabatana Suburbana


o sonho transforma as violetas de outono em fagulhas apolíneas o satori tonifica os músculos do samsara a chuva de ossos esparge sobre a terra pútrida que se agrega ao tronco de mulungu a nudez jocosa veste a roupa da nigredo cus-de-lume iluminam a mina de diamante azul hormônios atmosféricos regulam as quatro estações a lua instiga o clã das águas & seu cheiro branco desperta minhas reminiscências

O Origami de Abraxas


a Caipora engole os arbustos incandescentes 
             proibindo-os de proferirem 
a palavra secreta
             o vapor prolixo lança-se 
no sumidouro das pedras 
             o sal satírico salga a terra & atira
suas raízes para as nuvens conspícuas