quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Florada da Putrefação


banido do purgatório o demônio 
esculpe uma mulher de sal
é obra da subversão 
compilar os aforismos mais sangrentos
os anjos polinizadores coletam 
os eflúvios solares 
que conduzem ao nosso aniquilamento
a existência exuberante guincha 
como engrenagens maniqueístas
a desordem prevalece no Jardim da Babilônia
a gangue de acrobatas rouba 
o fogo obsceno do teatro do absurdo

Ioga Rubra


anéis de fogo surgem 
na manhã carnívora
primeira dentição do sol
o dragão caga no deserto negro
seus mamilos apontam 
para o zênite 
o equinócio da paixão mantém 
o metabolismo do céu inconstante

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Via-Láctea


a harpia aterrissa 
no ombro da peste 
embriagando-se 
com o cheiro de carniça
sou instruído 
na arte da magia 
pelos anjos tatuados 
que esquartejaram 
o escorpião onírico
a libertinagem é 
a origem de toda vidência
o dragão cospe o fogo 
mitológico enfeitiçando 
o diamante bruto
o silêncio soando de dentro
das vísceras do Universo

Navio Fantasma


os fantasmas contemplam 
o eclipse branco
depois de hibernarem nos favos de mel
os demônios acompanham 
o circo pagão 
repleto de louca sabedoria
o grito naufraga 
no oceano burlesco
minha alma restaura 
o antigo sonho cabalista
cachos de fogo na árvore da vida

Conhaque de Kali


os monges mendicantes tiram 
a sorte na roleta russa
a lua perfura o crânio 
dos anjos lactescentes
a baleia jubarte chega às crateras lunares
onde o Absoluto transfigura 
as potências tirânicas
a paixão autóctone brota de dentro 
da noite branca
os fantasmas notívagos tocam 
cítaras sob a regência 
do pensamento analógico

Umbigo da Água Ubíqua


as manchas solares 
são fósseis do universo
que chancelam os pergaminhos gnósticos
anjos negros executam 
os fraseados bebop
o silêncio é uma constelação de blue note
círculo da colheita
as mercenárias despem a aurora boreal
há beleza convulsiva na melancolia
caixa de pétalas incendiárias

Leilão da Antiarte


cancro de iluminuras você alimenta a planície de girassóis o Candomblé rega a colmeia de papoulas o vórtice do abismo lambe o cu do anjo lisérgico que ampliará a minha consciência com pecados subliminares

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Teor do Pânico


sua florescência 
é arcaica
pétalas de papoula 
orbitam em torno da estrela negra
respiro o perfume 
da noite iniciática entre as suas pernas

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Seiva Solar


as bacantes participam do banquete do abismo seus elementos percutidos instalam-se num mundo precursor e clandestino caçadores caçam cometas semeadores de heresias a matilha uiva para a lua nostálgica a aurora negra consome a mescalina do Zodíaco a sabotagem que profana o simbolismo da carne busca a própria transcendência jogo que fomenta a náusea existencialista os demônios cultivam fósseis no epicentro da convulsão dionisíaca

sábado, 19 de janeiro de 2019

Cicatrizes genuínas no gelo


oráculo inscrito na carapaça
da tartaruga
            eu provoco a tempestade
                        de pólen púrpura
na mansão do Caos
ianomâmis viajam nos pulmões
                        da Eternidade
                        bebi o absinto do sol poente
Eros desprovido de órgãos internos 
            desfruta a prosódia do poema

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A profecia percorre as veredas do afeto


palhaços
coaxam no purgatório            
             sátiros criam anomalias no paraíso
             sou o iconoclasta
             que
sequestra as pinturas paleolíticas
             enquanto hieróglifos 
inundam o céu
              de samsara com alucinações musicais

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Quando existe essa constelação


o nenúfar deflora o virgem negra
               a escrita automática
               reverbera
                      no santuário da alma
o erotismo sagrado boia nas águas do incesto
                               ossos divinatórios enfeitiçam a noite
 sangue fluindo nas veias do ciclone
          minha caixa craniana
          é um refúgio visionário
                       onde ovos luminosos
                                são chocados pelo crepúsculo
 você canibaliza a pilhagem neste sítio
                arqueológico
                               onde reina a trapaça

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O globo poderia de outro modo se reproduzir


o útero
da lâmpada engendra as trevas
 
               Krishna
               germina no jardim das delícias
 
a ioga tântrica
               instiga o anjo suicida
 
               o fruto
afrodisíaco incorpora o deboche hermafrodita
 
               tatuagem
               no pênis de Zaratustra
 
a matilha cinematográfica
               nocauteia o Absoluto

sábado, 5 de janeiro de 2019

Tudo isso para obter a paleta da morte


a chuva distribui
visões
subterrâneas
 
                 a corça salta
                 o arco-íris e o espelho
                 gnóstico
 
          convulsão de fogos de artifício
 
ó tulipas
cro-magnon
                 suas pétalas
                 de ônix
       hibernam no alvéolo da noit
e

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

O totem é um ponto a ser enfatizado


               o tubarão palmilha
               a Serra
               da Cantareira
a lubricidade desfolha
                       o silêncio
               a palavra
               lateja
               a céu-aberto
profetizando a mandala anímica
          o erotismo
          sagrado ensina-nos o perigo
                da renúncia
manhã crocitando
               à flor da pele
               o seu duplo deslumbra
                    a anã-branca